O que você assina?
Risada ®, sempre sorrindo Smile. Já assinei diversos nomes como ainda faço, às vezes Risada, às vezes Smile. Algumas pessoas me perguntam: O quê você assina? Eu respondo: Risada…há! Mas faço uns Smiles também. As pessoas ficam confusas(risos). ORC significa muita coisa no começo em 95,96 era or outlaw railway nessa época eu ainda não pintava. Gegão (geg), Snif, Neno, Son fizeram bastante OR, o foco sempre foi pintar trens! Depois de um tempo passou a chamar ORC Operação Riscos Contínuos.
Qual sua idade, sua cidade/estado?
25 anos, São Paulo, SP – Vila Brasilândia.
Desde que ano você assina na rua e como foi o inicio de tudo, o que despertou seu interesse pelo Graffiti?
Desde meus 11 anos. Comecei em 1999 com a cultura de rua, Skate etc. Em 2003, 2004 eu me desviei do Graffiti, me envolvi em umas paradas que só atrasaram o meu lado. Em 2007 eu voltei a pintar como uma válvula de escape. Preferia mil vezes pintar um trem do que ficar no clima tenso da quebrada. O Graffiti me salvou, fez repensar muita coisa, prova viva de vida só deu pra entender depois de um tempo. Comecei a pensar sobre as pinturas que eu fazia nas ruas como arte, já desenvolvendo uma parte acadêmica, com estudos por conta própria.
O que você mais gosta de pintar, desde suporte, à suas técnicas..?
Eu gosto de pintar qualquer coisa, depende muito do material que eu tiver disponível. No meu mundo os materiais sempre foram escassos. Então, acho que minha técnica, meu estilo é ser cru, espontâneo, sujo como dizem por ai.
Ser livre.
Gegão (Geg), Med (R.i.p) , Sativa Clãn, Mor, Dev, Vive Vida, Boleta, Snif, Opvc, Cony (França).
Como você conseguiu distinguir sua vida profissional, afetiva, etc. com a vida que a arte da rua te exige?
Uma vez fui fazer uma prova para concorrer a uma bolsa de estudos numa faculdade ali no bairro do Brás, eu já sabia que ali por perto na linha tinha trens de passageiro, então aproveitei e levei tinta na mochila. Antes de ir fazer a prova passei lá e vi que o trem esta lá. Fiz a prova correndo de qualquer jeito, na verdade minha mente estava no trem e não na prova, saí da sala o mais rápido possível, pulei na linha, pintei o trem sozinho. Hoje em dia vejo e penso que se eu não tivesse feito isso, talvez poderia estar formado. Já briguei várias vezes com minha família por causa disso, de entrar na linha do trem, mas entendo ela é um lugar perigoso onde você pode ser pego, apanhar por isso ou até mesmo ser assassinado. Aqui em São Paulo, Brasil é assim que funciona, quando se trata de pintar trens.
O que você acha que um bom artista de rua precisa ter, para ser bem sucedido em seu meio
Construir sua própria trajetória e desenvolver um estilo próprio.
Desde que você começou, até agora, o que mais mudou e o que continua na arte de rua?
Hoje em dia um ilustrador, um desenhista, um designer estudado diz ser grafiteiro só por usar spray, mas nunca pintou na rua de verdade ao ponto de passar apuros, fome e frio, além do mais possuem a parte acadêmica, são bons na escrita, são bons para desenvolver projetos. Mas na minha opinião faculdade não forma grafiteiro. Por que o graffiti é na rua o grafiteiro tem que estar na rua e se formar e elaborar seus trabalhos na rua. Não que a parte acadêmica de uma faculdade seja ruim, porque não é, mas a formação é outra coisa e não graffiti. Esse novo tipo de Graffiti que falo e que existe atualmente não é o mesmo graffiti de antigamente. Agora como que um cara suburbano que tem sua história bem mais conceituada na rua nunca conseguiu participar de exposições? No Brasil o que conta mesmo é bem mais o lance de você conhecer pessoas influentes, frequentar lugares, falar de forma coloquial, isso ajuda você ter acesso a exposições, o lance é mais de panela mesmo. O real graffiti está na rua e não tem muito reconhecimento. Hoje em dia o graffiti está meio perdido do seu caminho original por moda e essas coisas, mas quem é mesmo, sempre o fará por amor e não somente por fama ou por ganhar grana com isso.
Qual época você mais curtiu dar roles? Porque?
Em 2002. Era difícil o acesso a tudo, tintas, videos, etc.. A parada parece que era mais real direta. Hoje em dia um formato mais globalizado, mais faço graffiti, qualquer época é época o importante e pintar.
Qual o pior erro para um grafiteiro?
Se achar king, ainda mais em SP, que existe uns 100 ou mais caras bons, cada um com seu estilo, muita diversidade, existem muitos trampos e lugares diferentes. Não conheço um grafiteiro completo que faça trens, rooftop, piaces, wildstyle, stencil, tags etc.
O que o graffiti te deu?
Vivência de rua, de vida, sensibilidade, caráter, compaixão, honestidade…
O que você diria para os que estão começando agora?
Estude, comece de boa, na humilde, na moral não corra atrás dos que estão no Ibope, faça sua história que as coisas acontecerão naturalmente.
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Original. Talentoso. Parceiro.
Ele pinta por amor e porque acredita na parada! O que, muitas vezes, falta na galera por ai.